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Suposto perfil de Suzane no Twitter sai do ar após anúncio de investigação
Usuário com nome da presa fez postagens desde 2 de agosto. Na tarde desta terça (11), não era mais possível acessar a página.

O suposto perfil de Suzane von Richthofen no Twitter - espécie de blog que virou febre na internet - estava fora do ar no início da tarde desta terça-feira (11), depois que o promotor Paulo de Palma, da Promotoria de Execuções Criminais de Taubaté, a 140 km de São Paulo, pediu que a página fosse investigada. Ao ser acessada, era exibida uma mensagem que informava que a página não existe.

Suzane está presa em Tremembé, a 147 km de São Paulo, após condenação pela morte dos pais em 2002. O julgamento foi em 2006. Palma informou nesta terça que pediu “por cautela” a investigação sobre o perfil.



“Eu não tenho nada forte no sentido que seja a Suzane [a responsável pelo perfil], mas como houve um precedente desse na vida carcerária dela, eu decidi por mera cautela pedir uma investigação, para apurar se é a Suzane, ou não”, afirmou o promotor. Em setembro de 2006, Suzane chegou a ser transferida do Centro de Ressocialização de Rio Claro para Ribeirão Preto, por ter acesso ao computador.


O promotor diz que tem “muitas dúvidas” se o perfil é realmente da presa. Ele cita dois pontos: erros de português que ele acredita que Suzane não cometeria e informações não verdadeiras. “A pessoa faz referência à visita de dois advogados em tal dia. Entrei em contato com o presídio e ela não recebeu os advogados nesse dia”, contou.

Palma conta que conversou com a diretora do presídio sobre o caso. “A própria diretora disse que as chances são mínimas, se é que existem, de ser a Suzane”, afirma. Apesar disso, ele pede à Corregedoria dos Presídios que ouça a diretora para saber se Suzane tem acesso a computadores, onde ela trabalha dentro da unidade e em quais horários. Segundo o promotor, há postagens durante a madrugada, o que pode ser outro indício de um perfil falso.

Depois de a Corregedoria ouvir a diretora, o pedido retornará ao promotor. Ele avaliará, a partir das respostas da responsável pela unidade, se serão necessárias outras investigações. “Ainda que eu não consiga estabelecer o ID, eu consigo fazer com que a unidade se acautele ainda mais em relação a isso”, acredita.

Postagens

O usuário que aparece com o nome de Suzane fez as primeiras postagens no dia 2 deste mês. Na segunda delas, há um aparente erro. "Estow em liberdade provisória concedida por uma liminar (sic)", diz a pessoa. No entanto, Suzane cumpre pena em regime fechado e aguarda o resultado do recurso para obter o direito ao regime semiaberto.

Denivaldo Barni Júnior, advogado de Suzane, se mostrou surpreso com a informação. “Desconheço totalmente”. Para ele, “tais fatos” (Barni se refere ao suposto perfil da ex-estudante de direito) representam uma “verdadeira hipocrisia”. “A defesa tomará ciência da solicitação do promotor para acompanhar as investigações”.

De acordo com o advogado, é preciso que haja a “apuração da responsabilidade criminal de quem cometeu tais atos, já que Suzane encontra-se encarcerada, sem qualquer tipo de acesso a tais veículos de comunicação, como toda pessoa que se encontra presa”.

Perfis falsos

Renato Opice Blum, especialista em direito digital, acredita que a identificação do criador de perfis falsos no Twitter - caso seja confirmado que não é de Suzane - pode ser simples. “Já pedimos a exclusão de perfis fraudulentos, e o escritório do Twitter nos Estados Unidos os excluiu de forma rápida. A empresa é ágil para atender pedidos de notificações do Brasil, enviados em inglês”, explicou Opice Blum, que disse já ter seis casos deste tipo em seu escritório.

Segundo o especialista, um protocolo chamado Mlat (Mutual Legal Assistance Treaty; tratado de assistência legal mútua, em português) pode fazer com que a Justiça brasileira obtenha informações de log, que permitem identificar o computador utilizado para acessar a conta aberta em nome de Suzane von Richthofen. Outra opção seria enviar ao site uma ordem judicial com essa solicitação, traduzida para o inglês.

Esse tipo de solicitação feita às redes sociais tornou-se comum com a popularização do Orkut no Brasil, quando internautas começaram a criar perfis falsos, além de caluniar e difamar seus desafetos na rede social. Mesmo tendo escritório no Brasil, o Google afirmava que os pedidos de exclusão de informações ou obtenção dados de acesso (login, por exemplo) deviam ser encaminhados para os Estados Unidos, onde fica a matriz da empresa.

A situação mudou depois que, em agosto de 2006, o Ministério Público Federal abriu ação pedindo que o Google Brasil cumprisse ordens de quebra de sigilo, sob pena de multa diária de R$ 200 mil. A ação sugeria o fechamento compulsório da filial brasileira, caso a empresa mantivesse a postura de não-colaboração.

Precedente

Em setembro de 2006, Suzane chegou a ser transferida do Centro de Ressocialização de Rio Claro para Ribeirão Preto, também no interior de São Paulo, por ter acesso ao computador. Na época, a Secretaria de Administração Penitenciária alegou que a regalia causou 'descontentamento e irritação' nas demais presas e que Suzane, por intermédio da diretora de Segurança e Disciplina da unidade, conseguia se comunicar com o “mundo exterior”.

Laudo

Suzane está aguardando a decisão da Justiça de Taubaté sobre o pedido de seu advogado para que tenha o benefício do regime semiaberto, em que poderia deixar a cadeia durante o dia para estudar ou trabalhar e voltar só para dormir.



O laudo criminológico elaborado por dois psiquiatras, dois psicólogos e uma assistente social indica que Suzane é dissimulada. O documento foi encaminhado ao MP e agora está nas mãos de uma juíza da 1ª Vara de Execuções Criminais, que dará a palavra final.





Notícia Postada em 12/08/2009

 
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