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::: Confira:
Zôo suspende uso de presas vivas na alimentação de carnívoros
Em Sapucaia do Sul, predadores recebem carne de cavalo e aves já abatidas. Animais vivos só serão utilizados em casos de apatia ou falta de vitalidade das feras.


Um corte de custos provocou mudança nos hábitos alimentares dos carnívoros do Zoológico de Sapucaia do Sul (RS), na região metropolitana de Porto Alegre. Desde o fim de agosto, presas vivas que eram oferecidas todas as segundas-feiras como refeição para leões, lobos e onças foram substituídas pelo cardápio dos outros dias da semana - carne de cavalo e aves inteiras trazidas de abatedouros.

Segundo o diretor do zoológico, João Carlos Jardim, o estado do Rio Grande do Sul precisa reduzir custos. “O governo pediu diminuição de despesas na Secretaria de Meio Ambiente e adotamos várias medidas”, afirma Jardim. “Estamos economizando água, energia e diminuindo a criação de animais utilizados vivos na alimentação dos predadores”, diz.

A carne de marreco tem custo aproximado de R$ 8 por quilo, enquanto a carne de cavalo comprada de abatedouros tem custo aproximado de R$ 3 por quilo, conforme informou o diretor do zôo. “Nós não vamos deixar de dar a alimentação necessária. Vamos reduzir custos, mas manter a qualidade, com frango no lugar do faisão, por exemplo.”

Segundo Jardim, o zôo adotava o uso de presas vivas para manter a vitalidade, exercitar o físico e as aptidões naturais de caça dos predadores. A partir de agora, animais vivos só serão utilizados para alimentação em casos de apatia ou quando indicado por especialistas.

“O predador exercita seu instinto de captura e se movimenta. Ele escolhe o que comer da presa, se são as vísceras, a carne ou o que for necessário”, afirma Jardim. “Ninguém pensa que as feras também precisam de qualidade de vida.”



Presas inteiras


Segundo o diretor de Comunicação da Sociedade de Zoológicos do Brasil, Luiz Pires, nenhum zoológico do país usa animais vivos como alimento diário, mas todos fornecem animais abatidos inteiros. “Os carnívoros precisam de vísceras e ossos. Além disso, pêlos e penas auxiliam a limpeza intestinal. Quando recebem só a carne é preciso fazer uma complementação de minerais”, diz.

Pires explica que somente animais que serão devolvidos à natureza devem se alimentar com presas vivas. “A prática pode provocar acidentes, pois os bichos estão confinados e podem bater em uma grade ao dar um bote, por exemplo. Existe também toda a polêmica sobre o sofrimento dos bichos.”

O presidente da Associação Pró-Direitos dos Animais, Alexandre Marcolino, alega que as presas ficam sem possibilidade de defesa. “Na selva o coelho teria como se defender, mas na jaula não tem escapatória. Só teria chance se estivesse livre”, diz.

Segundo o biólogo Renato Petri Leal, que trabalha há 40 anos no Zoológico de Sapucaia do Sul, existem características genéticas que demoram para desaparecer em cativeiro, mas outras precisam de aprendizado. É o caso da busca pelo alimento. “Eles têm que aprender a caçar e reconhecer seus próprios predadores”, diz. “Temos de mantê-los o mais próximo possível da natureza, porque não podemos partir da premissa de que os animais não vão voltar para a vida selvagem”, afirma.

O Zoológico de Sapucaia do Sul já reintroduziu na natureza três espécies: quatis e jacarés de papo-amarelo, no Brasil, e um rinoceronte, na África.




Notícia Postada em 09/09/2007

 
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