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Médicos alertam para falta de vagas e profissionais em UTIs
Número de leitos aos pacientes do SUS é inferior ao recomendado pela OMS. Ministro admite deficiência e informa que investe na formação de especialistas.


O governo anunciou, na segunda-feira (25), aumento nos valores pagos pelos procedimentos feitos pelo Sistema Únicos de Saúde (SUS). Os médicos vão ganhar pouco mais, mas a crise nos hospitais públicos do Nordeste se arrasta. O número de leitos em UTIs destinados aos pacientes do SUS é inferior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A associação dos médicos que trabalham em UTIs faz o alerta sobre a falta de leitos em centros de terapia intensiva e de profissionais especializados nesse tipo de atendimento. “Precisamos ampliar os leitos de UTI, e também formar, capacitar e estimular que profissionais especializem-se na área”, afirma o presidente da Sociedade Cearense de Terapia Intensiva, Werlames Landin.

Levantamento do Ministério da Saúde aponta que 5,4% dos leitos hospitalares são de UTI, mas só 2,6% são destinados aos pacientes do SUS. O mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 4%.

Uma UTI moderna do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) foi inaugurada oficialmente em dezembro. Mas, durante nove meses, o espaço foi ocupado apenas por um boneco de treinamento de enfermagem. Os 20 leitos não puderam ser utilizados por falta de médicos. “O problema é que nós estamos com uma deficiência muito grande de intensivista. A profissão não tem atraído muita gente. E tem o problema do salário. O salário do estado ainda não é muito atraente”, disse o chefe da UTI, Marcílio Xavier.


Espaços improvisados

Quem precisa de vaga na UTI ocupa espaços improvisados e impróprios para pacientes graves, como uma sala de observação que deveria ser usada por quem precisa de exames e avaliações médicas. Com as salas ocupadas, o espaço que sobra para os pacientes da observação é o corredor. É um risco para os pacientes.

“Temos quatro pacientes precisando de UTI e não tem [vaga]. Eles estão na sala de pequenas cirurgias, sem equipe 24 horas”, aponta uma médica.

Com as enfermarias ocupadas, o atendimento no pronto-socorro é realizado no chão. Aos médicos dos hospitais públicos, cabe a difícil missão de escolher qual paciente tem preferência pela vaga de UTI.


Governo aumenta valores da tabela do SUS

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, está no Nordeste. Ele disse que o número de leitos em UTIs aumentou muito nos últimos anos, mas reconheceu que ainda é insuficiente.

Temporão também afirmou que há dificuldade em encontrar médicos e que o ministério, em parceria com Conselho Federal de Medicina e a Associação de Médicos Intensivistas, está fazendo cursos para formar especialistas na área.

Na segunda, o ministro da Saúde anunciou um aumento de 30%, em média, nos valores de mil procedimentos da tabela do SUS. O reajuste é uma reivindicação antiga dos médicos. A consulta, por exemplo, passou de R$ 7,50 para R$ 10; e o valor pago pelo parto normal, R$ 317 para R$ 403. Uma diária de UTI subiu de R$ 341 para R$ 363.

O valor máximo repassado pelo governo para cada estado também teve reajuste, que varia de 13% a 40%. O ministro disse que as verbas liberadas fazem parte dos R$ 2 bilhões prometidos para o setor, que estavam retidos nos cofres do governo.


Notícia Postada em 25/09/2007

 
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